domingo, 21 de fevereiro de 2016

ASHTANGI MUMS



Desculpem os homens,  que são pais e praticantes! Vocês também são uma inspiração, e escrevo isto com total sinceridade! Mas desde 2003 que devagarinho fui ensinando Yoga, na altura a maioria dos meus alunos eram mulheres e muitas eram mães. Em 2006 timidamente iniciei-me no ensino do Ashtanga Yoga, e também eram as mulheres que mais apareciam e igualmente, muitas mães. Em 2007 quando abrimos a nossa humilde casa de prática, onde começamos o Shala com zero alunos, em que a nossa única forma de publicitar o Ashtanga Cascais era uma página do facebook e os escritos que comecei a publicar aqui em 2008,  lá aos poucos fomos sendo abençoados por alunos, que durante muitos anos, pelo menos até 2012 eram mais mulheres, e muitas mães. Foi a partir de 2009 que comecei a acompanhar muitas de vocês aquando grávidas, umas conseguem levar a prática até aos 9 meses, outras optam por parar mais cedo. Isto tudo para dar um contexto que desde o começo deste meu caminho no ensino do Yoga e depois do Ashtanga Yoga, que venho a leccionar muitas mulheres,  mães e futuras mães. Sem desconsiderar todos os meus queridos alunos homens, pais e praticantes dedicados! Mas nesta minha viagem a Mysore, ganhei ainda mais respeito pela gente do meu género que são mães e praticantes dedicadas de Ashtanga Yoga.

Eu cheguei no começo do mês de Fevereiro, plena época alta como já descrevi noutros posts, e calhou-me o último turno das aulas, então, enquanto ainda estou em casa a fazer tempo para ir para a escola, tenho vindo ao longo destas semanas  a assistir as idas ao Shala e o retorno a casa das minhas vizinhas que são mães, têm cá os filhos, os seus maridos estiveram com elas umas semanas e agora estão sozinhas com as crianças. A vizinha debaixo, tem um filho de 3 anos, a outra aqui do lado, tem uma menina de 5 anos. 6x por semana escuto as babysitters a chegarem, as mães a falarem baixinho à porta com elas, para de madrugada deixarem as crianças com as "sitters" e  irem para o Shala. Deduzo que fazem uma prática tão intensa como a minha e como a de todos os que aqui estão, quer façamos primeira série, 2ª, ou terceiras séries, como também descrevi nos posts anteriores, tudo aqui é mais forte e profundo, esticamos o corpo, mas a mente e alma vêm juntas e aparecem à superfície de nós mesmos,  um conjunto de emoções para observar, trabalhar e superar. Passado umas horas,  oiço-as voltarem, vejo com maior regularidade a vizinha aqui ao lado, mas pelo que consegui observar a outra também passa pelo mesmo. Lá vejo dia sim, dia sim, 6 dias de uma semana longa, a minha vizinha italiana a voltar da escola, escuto os passos lentos no corredor, vejo-a pelas minhas janelas, sempre de cabelo ainda visivelmente molhado de todo o suor libertado no Shala, olhar intenso de quem andou a trabalhar em cada respiração e postura, antes de passar pela minha última janela, já se escuta em alto e bom som a filha de 5 anos, a Mila, a dizer no seu italiano, MAMMAAAAA! e a correr para a mãe para a abraçar. A mãe coitada, ainda com a cabeça e a alma no tapete, dá um sorriso a esconder  a notada necessidade de algum descanso. Diz-lhe baixinho, no seu italiano, "Querida deixa a mãe tomar banho e descansar dois minutos, e depois vamos fazer as nossas coisas.", a menina com certeza sem entender muito do porquê do descanso de dois minutos, não responde que sim nem que não. Mas sorri. E canta alto e repleta de alegria, no seu italiano que me faz lembrar as cantigas da Maria do Mar e do olhar deslumbrado de amor do Jo! Elas lá entram para casa, eu continuo a teclar no meu computador a escrever-vos mais algumas das histórias que me inspiram e que me dão vontade de partilhar convosco. Passados no máximo uns 10 minutos, já está a mãe à porta de ar de banho tomado, a estender o tapete dela ao sol, a pendurar na corda roupa lavada, para depois ainda ouvir os tachos na cozinha a darem sinais de preparação do pequeno-almoço. A bela Mila vem de camisa de dormir dizer-me o "Bom dia", no seu italiano enternecedor ao qual respondo numa tentativa de italiano que a faz rir. Para depois eu sair para a minha prática e elas continuarem o seu dia.
A vizinha de baixo tem um rapaz de três anos, vai ser um parte-corações, é simplesmente lindo. Cheio de energia, sobe muitos pares de vezes ao dia as escadas cá para cima para vir ter com a sua amiga Mila, o que obriga também, a minha vizinha, sua mãe, a subir as escadas não sei quantas vezes ao dia. De cada vez que passa na minha porta, sorri-me, encolhe os ombros pelo alegria do filho, mas percebe-se o quão cansada está, não tem dois minutos de descanso, nem mesmo um! Mas além do cansaço de ambas, estão sempre sorridentes, uma mães presentes, que cuidam dos seus filhos, e com vontade e organização praticam diariamente o seu Ashtanga!
Força mulheres aí de casa, para as vossas práticas e para os vossos dias!

EN
Sorry men, which are parents and practitioners! You are also an inspiration, and I write this with all sincerity! But since 2003 I have been slowly teaching Yoga at the time most of my students were women and many were mothers. In 2006 timidly I started  teaching Ashtanga Yoga, and  were also women who appeared more in the class and also many mothers. In 2007 when we opened our humble practice home,  where we started the Shala with zero students, where our only way to advertise Ashtanga Cascais was for a facebook page and the writings that began to publish here in 2008, slowly we begin to be blessed with  students presence, who for many years, until at least 2012 were more women, and many of you were already mothers. Was also from 2009 that I began to follow many of you when you were pregnant, some are able to take the practice up to nine months, others choose to stop early. This all to give a context that since the beginning of my teaching Yoga and after Ashtanga Yoga that i  teach many women, mothers and future mothers. Without being to disregard all my male students, that are parents and dedicated practitioners! But this trip to Mysore, I gained even more respect for the people of my gender who are mothers and dedicated practitioner of Ashtanga Yoga.

I arrived at the beginning of February, full high season as I have described in other posts, and im in the last shift to go practice, so while I'm still at home to make time to go to school, I have been throughout these weeks watching the goings to the Shala and the returns home of my neighbors who are mothers, are here with their children, their husbands have been with them a few weeks and now they are alone with the children. The downstairs neighbor, has a 3 year old boy, my next door neighbor has 5 year old girl. 6 days per week i hear the babysitters arriving, the mothers speaking softly with them at the door,  to early in the morning leave the children with the "sitters" and go to Shala. I m pretty sure they make a practice as intense as mine as all those who are here, even if you are making only first, second or thirds series,  as i also described in my previous posts, everything here is stronger and deeper, we stretched the body, but the mind and soul come together and appear on the surface of ourselves, a set of emotions to observe, work and overcome. Past few hours and I hear them coming back, i see more regularly the neighbor next door, but from what I could observe the other also goes through the same. There I see day in,  day in, 6 days of a long week, my Italian neighbor coming home from school, I hear slow footsteps in the hall, I see her through my windows, always with the hair still visibly wet from all the sweat released in Shala, intense look like those who worked every breath and posture. And before she pass through my last window, we can already  listen in loud and clear the 5 year old daughter, Mila, to say in her Italian "MAMMAAAAA!", as she  runs to the mother to embrace her. The poor mother, still with the head and the soul on the mat, gives a smile to hide the perceived need of some rest. Tells her softly, in her Italian, "Honey,  mums needs a bathe and rest for two minutes, and then we do our things." The girl for sure, without understanding why the rest of two minutes, neither says yes or not. But smiles. And sing loud and full of joy in her Italian who reminds me of the songs of Maria do Mar and the dazzled love gaze of Jo! They enter there home, and i m still  typing at my computer to write you a few of the stories that inspire me and make me want to share with you,  after no more than about 10 minutes, she is already at her door, bathed and extending her mat in the sun,  hanging other laundry on the rope,  for after i hear the pots in the kitchen that gives signals of preparation of breakfast.The beautiful Mila comes with her nightgown tell me Good Morning, in  her endearing Italian to which I reply in an attempt of Italian who makes her laugh. And then I go to my practice and they continue their day.
The downstairs neighbor has a boy of three years, that will be a break many girls hearts, as he is simply beautiful! Full of energy,  many pairs of times a day he comes upstairs for visit her friend Mila, which forces also my neighbor, his mother, i don´t know how many times a day to come up the stairs. Each time she pass on my door,  she smiled at me, shrugs her  shoulders for her son's joy, but we can see how tired she is, she don t have two minutes rest, not even one! But beyond the fatigue of both, they are always smiling, a gift mothers who care for their children, and with will and daily organization practice their Ashtanga!
Send your strength,  women from our house, for your practice and your day!

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