quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Tristhana



"Tristhana", significa os 3 focos de atenção ou acção e eles são: posturas (asana), respiração e dristhis (focos oculares). Sem Tristhana não existe prática de Ashtanga Vinyasa Yoga e estas três técnicas são utilizadas em conjunto.

De acordo com os Sutras de Patanjali*, as posturas deverão ser "Sthira Sukham Asanam", estáveis e confortáveis. Asana é postura, também traduzido como sentar ou uma forma de estar presente. Os asanas preparam o nosso corpo purificando-o, fortalecendo-o e tornando-o flexível.

A palavra Sthira significa estável, firme, sem mudanças. Para alcançarmos esta estabilidade, precisamos de nos manter presentes, atentos ao que estamos a fazer. Desenvolvendo um estado de quietude física e mental, controlando e integrando o corpo e a mente. Sthira é o oposto de agitação, é uma base estável, uma base forte, resistente e conquistada pelo empenho, dedicação e regularidade na prática.

Sukha é traduzido por confortável, por fácil, alegre, relaxado. Para executar as posturas com conforto e alegria, são necessários anos de aprendizagem, para superar o esforço inicial. A prática de asana deve respeitar o princípio de Ahimsá - não violência para connosco, para com os outros e para o que nos rodeia - e que nos trará felicidade.

Para conseguirmos praticar Ashtanga Vinyasa Yoga, é necessário regularidade, sem esta é impossível desenvolver a prática e em última instância sentir os benefícios do Yoga. Mas estes não são o objectivo do Yoga, Yoga é " Cittra Vritti Nirodah", o controlo das flutuações da mente. O Ashtanga Vinyasa Yoga acenta no vinyasa - sistema que coordena respiração e movimento - para chegar ao controlo da mente.

Outro aspecto do Tristhana é a respiração, feita em Ujjayi Pranayama, uma respiração vigorosa e nasal aliada ao movimento e posturas, promove o aumento da nossa circulação sanguinea, a oxigenação do nosso cérebro, dos músculos e dos nossos órgãos. Este Ujjayi tem o mesmo ritmo e volume tanto nas inspirações e expirações e utiliza em cada fase os bandhas (fechos energéticos), especialmente o mula bandha (contracção do esfíncteres da zona do períneo) e o uddiyana bandha (o recolher para dentro e para cima da zona abdominal inferior). Os bandhas retém a energia no nosso corpo subtil e direccionam-na pelas nadis (canais energéticos), activando os centros energéticos (chakras) que temos ao longo da nossa coluna vertebral.
As nadis, canais subtis energéticos, são como as veias que transportam o sangue pelo nosso corpo. As nadis não são visíveis, mas fazem a circulação da energia.

O último aspecto do Tristhana, são os dristhis - os pontos onde dirigimos o olhar enquanto praticamos asana. Existem nove, no nariz, entre as sobrancelhas,no umbigo, no polegar, na mão, nos pés, para cima, para o lado direito e para o lado esquerdo. Estes focos oculares mantém-nos mais presentes, atentos.

O Tristhana activa o nosso calor, o nosso fogo interno e promove a purificação do nosso corpo e a estabilidade da nossa mente, imprescindíveis no caminho do Yoga.

*sábio indiano, que é denominado como o codificador do Yoga, aquele que escreveu pela primeira vez sobre os conhecimentos do Yoga, no seu famoso clássico "Yoga Sutras"