segunda-feira, 26 de julho de 2010

A escola


O espaço escola é sempre um lugar que deverá inspirar os alunos a praticarem, um lugar seguro, confortável e com o ambiente propício que estimule a vontade dos praticantes a subirem ao tapete e assim começarem mais uma prática de Yoga. Deve também, ser um sítio que sirva de apoio para aqueles dias, que a vontade fugiu e só nos resta uma preguiça gritante, que afasta a disciplina de manter o Yoga de forma consistente, diário, sem interrupções. Mas além destas funções, a escola está a servir para juntar praticantes de todo o mundo, estamos a começar a ser visitados por praticantes e professores de outros países e as oportunidades que isto apresenta, são mais que muitas, a partilha de informação, o conhecimento da vivência de pessoas que tambem se dedicam ao Ashtanga Yoga, as pequenas histórias que ouvimos sobre os mais diversos episódios das suas vidas, são de tal maneira inspiradoras que, irão enriquecer as nossas próprias experiências, dentro e fora do tapete. A troca de informação é sempre positiva, o que recebemos desta são normalmente novos instrumentos, novas estratégias para colocarmos em prática, seja a fazermos Yoga ou a levarmos este para o nosso dia-a-dia. É uma mais valia, termos este cruzamento de culturas, de histórias, de conhecimentos.

O Ashtanga Yoga move milhares de pessoas, ora em grandes centros de yoga, ora em pequenas escolas, esta prática tem o poder, de levar pessoas comuns a se encontrarem nos mais diversos horários e a praticarem, a esforçarem-se por conquistar a disciplina que motiva a mudanças. Mudanças no nosso estilo de vida, ou mesmo, a força necessária para criar as primeiras bases para um estilo de vida, um que seja mais saudável, mais verdadeiro connosco mesmo e com os que nos rodeiam, com mais significado, porque quando sentimos que somos um corpo, uma mente e uma alma, a magia desta descoberta, é de tal maneira reveladora que, naturalmente, providenciará, a calma necessária, para superar as fases mais complicadas da vida.

Este Ashtanga Yoga ou qualquer outro método de Yoga, deveria ser praticado por cada Ser Humano, talvez devesse ser ensinado na escola, quando começamos a ser Gente, talvez se o fizessemos desde cedo, poupávamos nas consultas ao psicólogo ou do psiquiatra, ou na despesa de medicação anual. Com toda a certeza que teríamos uma sociedade mais feliz, comunidades mais interessantes e pessoas mais humildes.

* Grant Gladwin, Ashtanga Cascais

domingo, 4 de julho de 2010

Receptividade



Alex Medin (professor certificado do KPJAYI) fala sobre a importância da receptividade no asana, ou seja, a receptividade enquanto executamos as posturas, a atitude descontraída e tolerante que nos permite aceder a outros estados de consciência.

Se executamos uma postura, onde respiramos rápido, onde o corpo grita de esforço, de incapacidade, deveremos não lutar contra as reacções do corpo, mas aceitar as nossas limitações e com paciência e receptividade, inteligência e bom-senso, abraçar a experiência.

Respirar com calma, é o primeiro passo, compreender se estamos a executar correctamente os movimentos ou se precisamos de alinhar ou corrigir determinada parte do corpo será o segundo e por último, há que manter a receptividade e lembrar que não pretendemos chegar a lado nenhum, que como Medin afirma, não há nada a adquirir ou nada a ganhar, que ao estamos em determinada postura, que sejamos receptivos à experiência e quer ela nos deixe avançar ou quer tenhamos de ir um pouco atrás, o importante é estarmos, é presenciarmos, vivenciarmos cada instante e isso é Yoga.

* Carmen Santos, Ashtanga Cascais, 2010

Atitude


Que atitude devemos ter enquanto estamos em cima do tapete? Quer nos dias que nos sentimos inspirados ou naqueles em que estamos preguiçosos, pesados ou rijos, que atitude devemos adoptar de modo a conseguirmos praticar Yoga?

Nada melhor que começar pelo inicio e pelo que nos é ensinado logo na primeira aula e que tantas vezes ouvimos o professor recordar, repararmos como está a nossa respiração, sentindo-a dentro de nós, cada inspiração e cada expiração, permitir que ambas sejam feitas pelo nariz, em Ujjayi Pranayama e que aos poucos, se tornem mais e mais profundas, lentas, longas.

Que o som destas nos conduzam a outro estado de espírito, aquele que ajuda a procurar não o esforço ou a exaustão física, mas a graciosidade e a leveza de cada movimento e cada postura. O amigo e professor de certificado pelo KPJAYI, Alex Medin, refere sempre que a prática de Ashtanga Yoga, é uma prática que está baseada no quanto conseguimos nos manter presentes, conscientes na respiração e em como esta, nos deverá conduzir a este estado de graça, onde não há lugar para o esforço demasiado ou violência.

Não faz sentido continuar a forçar, se nos está a doer determinada parte do corpo, em determinada postura, é nesses momentos que devemos relembrar a respiração e verificarmos se ela continua a estar lenta, suave, profunda ou se se tornou numa respiração rápida, curta, onde o som descrito sempre como semelhante a uma onda, que ora vai e ora vem, é agora mais parecido com o som de um mar agitado, em plena noite tempestiva de inverno. O segredo é voltarmos sempre á respiração, ela é o fio condutor, a música de fundo da nossa prática. É ela que prepara o nosso corpo e acalma a nossamente. É por ela que adoptamos uma "atitude de aceitação e recepção" (Alex Medin).

Se a prática é feita para limparmos o nosso corpo, para tranquilizarmos a nossa mente, para nos sentirmos mais conectados, mais reais, honestos, devemos ter paciência, respeito e disciplina com e por nós mesmos. A prática de Ashtanga Yoga é uma prática altamente espiritual, irreversivelmente transformadora e amplamente grandiosa, onde o nosso potencial como seres humanos, é elevado ao seu expoente máximo.

*Alex Medin, Casa Vinyasa, 2010