sexta-feira, 13 de maio de 2016

# "EVERYTHING IS IN PRIMARY SERIES!"


A semana passada estava a correr rua abaixo para ir abrir a escola, quando a minha calça prendeu-se num dos meus ténis e fiquei em poucos instantes a conhecer de perto a dureza da conhecida calçada portuguesa! A queda foi tão aparatosa, que dei comigo a olhar para Biga, que voltou para trás, à minha procura, sem acreditar bem no que tinha acontecido! Lá me levantei a custo, cada passo pequenino era seguido de um sentido e falado, "ai". As dores estavam misturadas com a noção que havia sangue a escorrer-me perna abaixo de uma ferida feia num dos joelhos e um golpe numa das mãos, e o receio de ter de ser cozida, ou de ter magoado os joelhos internamente,  obrigaram-me ao esforço de subir rua acima até aos bombeiros.  Tive a boa notícia que a ferida maior não tinha de ser suturada, e que aparentemente as dores sentidas teriam sido causadas pelo forte impacto contra o chão. Perguntaram-me o que eu ia fazer,  para andar a correr logo de manhã, eu respondi que estava atrasada para abrir a escola e dar uma aula de Yoga. Um dos bombeiros riu-se e disse-me, "Pois, mas agora não vai puder dar aula! Tem de estar quieta, já levei pessoas ao hospital para serem cozidos com golpes mais pequenos que o seu!". Nós realmente não sabemos muito bem o que vai acontecer no instante seguinte, e quando algo surge de rompante no nosso quotidiano, tendemos a fazer o exercício mental de " E Se". "E Se... Eu não tivesse corrido naquela manhã de chuva", " E se... Eu não tivesse vestido aquelas calças largas",  " E se... Eu não tivesse sido preguiçosa, depois da festa de aniversário do Shala, e tivesse ido logo praticar antes dos alunos", " E se..." mais uns quantos pensamentos, que talvez, ou não, tivessem impedido que algo acontecesse.

Acabei por não ensinar nessa manhã, nem tão pouco praticar.  Só voltei a estender o tapete passado dois dias, para recomeçar, devagarinho,  pelas Posturas da Primeira Série. Só dali a mais dois dias é que consegui recuperar toda a Primeira Série, sem fazer passagens que implicam colocar os joelhos no chão. Até que chegaram os dias que vinha para Dublin estudar mais uma vez com o Peter Sanson,    ontem foi o meu segundo dia de prática, e  quando acabou de me ajustar numa postura, eu aproveitei para dizer-lhe dos joelhos, do golpe e da sensibilidade do outro, no fim afirmei, " Só posso fazer Primeira Série, e algumas posturas da Segunda até Dhanurasana, porque Ustrasana já é impossível!", ao qual ele respondeu, "Good! Everything is in Primary Series!", e foi ajudar outra pessoa, "desdramatizando" a situação. E eu lá continuei a praticar, com um sorriso estampado no rosto, porque mais uma vez Peter relembrou-me que não interessa quais as posturas que faço, nem todos os "E Se" que passam na minha cabeça,  importa mesmo é que graças ao Yoga, não cheguei a partir nada com o movimento que as minhas pernas fizeram na altura da queda, e em dois dias já estava em cima do tapete, como ainda continuo a ter a maravilhosa benção de estar, e desta vez, na presença de um professor que é sempre uma referência para a minha prática e para a forma como ensino. Ele trabalha com cada praticante, comunica e explica a essência do Ashtanga Yoga, ajusta e ensina as posturas por pedir total entrega na nossa respiração, para que o corpo solte e haja leveza e liberdade nos movimentos. Está  constantemente  a pedir foco na respiração para conseguir retirar tensão do nosso corpo e relembra-nos de sermos humildes, de levarmos a sério mas aproveitarmos o nosso Yoga, de estarmos conscientes em cima do tapete e de aproveitarmos a maravilhosa oportunidade de ter o Yoga na nossa vida. Parece-me acima de tudo, que tenta mostrar-nos pela prática, para beneficiarmos da maravilhosa oportunidade de vivermos a nossa vida em paz connosco mesmo. Everything is in PRIMARY SERIES! Boas práticas!

EN
Last week was running down the street to go open the school, when my pants held up one of my tennis and I in a few moments  got  to know the hardness of the known portuguese cobblestone! The fall was so ostentatiously, that I found myself looking at Biga, who came back looking for me, not believing  what had happened! I stood up slowly, every little step was followed by a sense and spoken, "Ui". The pains were mixed with the notion that there was blood running down my leg beneath an ugly wound on one knee and a cut in one hand, and the fear of having to be stitch up or have hurt internally my knees, forced me the effort to walk up the street to the fire department. I had the good news that the wound wasn´t going to be sutured, and apparently  the pains were caused by the strong impact against the ground. They asked me what I was going to do, to be running in the morning, I said I was late to open the school and teach a Yoga class. One of the fireman laughed and told me, "Yeah, but now you can´t teach! You have to be quiet, we took to the hospital to be stitch up smaller cuts than yours!". We do not really know very well what will happen in the next moment, and when something comes thundering in our daily lives, we tend to do the mental exercise "What If". "And what if ... I had not run that rainy morning", "What if ... I had not worn those baggy pants", "What if ... I had not been lazy, after the Shala birthday party and had  practice before the students ",   "What if ... "a few more thoughts, which may or may not have prevented that something happened.

I ended up not teach that morning, nor practice. I only returned to extend my mat, after two days, to  start, slowly, the postures of the First Series. Only after another two more days is that I could recover all the First Series, without making passages that imply putting my knees on the floor. Until i reached the days that i came to Dublin to study with Peter Sanson, yesterday was my second day of practice, and when he finished adjusting me in one posture , I took the opportunity to tell him about my knees, the cut  and  the sensitivity in the other, at the end I said, "I can only do First Series, and some postures of Second until Dhanurasana, because Ustrasana is already impossible!" to which he replied, "Good! Everything is in Primary Series", and went to help another person,  taking away any drama in all that situation. And I continued to practice with a smile on my face, because once again Peter reminded me that doesn´t  matter what positions i do, not all of the "What If" that pass through my head, really matters is that thanks to Yoga, i did not hurt seriously from that movements of my legs at the time of the fall, and in two days i was on top of the mat, where i still have  the wonderful blessing of being, and this time, in the presence of a teacher who is always a reference to my practice and how to teach. He works with each practitioner, communicates and explains the essence of Ashtanga Yoga, adjusting and teaching the postures by asking for total surrender in our breath, for the body to be able to release, and find lightness and freedom in the movements. He is constantly asking focus on breathing to remove tension from our body and reminds us to be humble, to take seriously our Yoga, to be  aware on the mat and enjoy of the wonderful opportunity to have yoga in our lives . It seems to me,  above all, he try to show  us, to take advantage of the wonderful opportunity to live our lives in peace with ourselves. Everything is in PRIMARY SERIES! Happy Practicing!


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