Há algum tempo que ando para escrever sobre isto, porque a cada nova época de aulas, observo este fenómeno. Sim leu bem, falo de Fenómenos, uns que são bem Ashtangis...que aconteceram a muitos de nós que já praticamos há algum tempo e que surgem quase sempre entre os praticantes mais recentes.
Estender o tapete -
sentar e encontrar a respiração -
colocarmo-nos de pé, iniciarmos os movimentos de surya namaskar A -
uma vez, duas vezes e lá para o terceiro ciclo de surya namaskar, começa o tal do fenómeno... uma gota, duas gotas, três gotas... umas a escorregarem pelo corpo e caírem directamente no chão... outras ficam pelo tapete, nas t-shirts e nos calcções e há ainda as que são sorrateiramente limpas com a toalha ou à falta dela, com as mãos.
O fenómeno é descrito como uma forte transpiração, uma que surge não se sabe bem de onde, um calor que faz transpirar mais do que "uma aula de Spinning", "as minhas corridas matinais" & "as minhas antigas aulas de aeróbica"... se escrevesse todas as comparações que já ouvi, teríamos uma lista deveras grande e embora o Ashtanga Yoga não seja um desporto, nem tão pouco uma actividade meramente física, a verdade é que este aspecto da prática serve para que seja muitas vezes descrita e comparada desta forma.
O calor que esta prática promove é conhecido entre os praticantes mais experientes, mas para os novatos é um fenómeno que pode ir de incomodo a engraçado, a transformador... há praticantes que vêm ter comigo a rir enquanto falam deste tema, os que contam o que sentem em género de piada, os que falam abertamente, de forma despreocupada, mas há também aqueles que se exprimem num tom de sussurro, os que mostram total surpresa e os que abordam a temática de forma meio envergonhada...
O Ashtanga Yoga não é um desporto, mas faz-nos transpirar e muito...Porquê?
O segredo está no vinyasa.
Primeiro de tudo está na respiração, naquele respiração que aprendem desde a primeira aula, uma que seja pelo nariz, prolongada, consciente e sem paragem, sustentada por inspirações e expirações contínuas, com ritmo e quantidade de ar semelhante e commm... som. Sim, aquele som que nasce pela passagem de ar na glote, na parte de trás da garganta. Este tipo de respiração aliada aos movimentos, promove calor interno, que por sua vez leva-vos à maldita ou bendita transpiração. Aqueles que não gostam de transpirar podem sentir alguma reticência sobre se esta, é ou não aquilo que procuravam, mas permitam-se praticar mais tempo e ao fim de algumas semanas vão perceber que este calor é uma verdadeira ajuda para limparem o vosso corpo. Uma limpeza que vem de dentro para fora, numa profunda desintoxicação do corpo. Que se expande para algo mais subtil, interno e energético, por isso não se assustem com as gotas que saem dos vossos poros, nem tão pouco fiquem envergonhados, muito menos assustados, porque esta transpiração, este calor está ajudar a soltarmos o corpo e a chegarmos de forma mais integrada à essência das posturas. Respirem com calma e aproveitem o fenómeno... depois da prática bebam bastante água... porque no dia seguinte cá estarei à vossa espera, para verem e sentirem um pouco mais o funcionamento desta prática, como o corpo vai mudando e como a mente vai acalmando...
* Ilustração de BOONCHU TANTI
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I have been wanting to write about this for a while now, as with every new cycle of classes I observe this same phenomenon. Yes you are reading correctly, I am talking about phenomenon’s… one that is truly for Ashtangis, and that has happened to many of us who have been practicing for a while, and a phenomenon that almost always comes up amongst the newer practitioners.
Roll out your mat –
Sit and start to find your breath –
Stand up and start to practice Surya namaskar A –
Once, twice, and then during the third time, the phenomenon starts…. One drop, two drops, three drops… some run down your body and drop directly on the floor… others drop on the mat, your t-shirts or trousers, and then there are those that are quickly wiped away with a towel or with the lack of a towel, our hands.
The phenomenon is described as a strong perspiration, one that we give off and we can not say from where, a heat that makes us sweat more than a “spinning class”, “my morning runs”, “my old aerobics class” , if I were to write down all of the comparisons I have heard, I would have a long list, and although Ashtanga Yoga is not a sport, not least a physical activity, the truth is that this aspect of the practice works so that it is described and compared so many times in this way.
The heat that the practice creates is more well known amongst the more experienced practitioners than the beginners, it is a phenomenon that goes from being uncomfortable at the start, to funny, to transforming… there are practitioners who come to me and laugh about this topic, or those who say what they feel in a humorous way, those who speak openly about it with a laid back attitude, but there are also those who talk about it quietly and approach the subject with embarrassment.
Ashtanga Yoga is not a sport, but why does it make us sweat so much… ?
The secret is in the Vinyasa.
Above all the breath, the breathing pattern we learn in the first class, that breath that comes from the nose, that is elongated, conscious and without stopping, sustained by continuous inhaling and exhaling, with rhythm, quantity and with sound. Yes that sound that comes from the air in the glottis (in between your vocal cords) at the back of the throat. This type of breathing aids our movements, builds heat in our bodies and takes us to the damned or blessed sweating.
Those that do not like to sweat can feel a reticence towards it, but allow yourself sometime to practice, and after some hard weeks, you will realise it is this heat that is a true help in cleansing our bodies. This cleansing comes from inside - out, it is a deep detoxification for the body, it turns into something subtle, internal and energetic – so don’t be scared or embarrassed by the drops that leave your pores, because this sweating, this heat that is escaping the body is helping us reach the essence of each pose. Breath calmly, and try out this phenomenon… after practice drink a lot of water, because the next day I will be here, waiting, to help you see and feel a little more the way it functions this practice, to show how as the body moves the mind calms.
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