domingo, 31 de julho de 2011

Ashtanga Yoga, Crise, Troika e FMI


Antes ou depois das aulas, há sempre algum tempo para 3 ou 4 dedos de conversa com os alunos, muitos aproveitam para desabafar um pouco, é aqui que fico a saber a razão porque estiveram tão leves durante a prática, porque esboçaram com mais facilidade um sorriso, porque conseguiram estar mais focados, porque tiveram mais determinação, porque deram mais de si, ou pelo contrário, porque estavam mais cansados, mais tristes, mais preocupados, mais desatentos, mais perdidos, mais angustiados. Vários têm lamentando que a vida está complicada em Portugal, que tudo é mais caro, outros afirmam cabisbaixos que perderam os seus empregos, uns mostram-se desconfiados e amargurados quanto ao presente e futuro e outros, salientam as saudades de outros tempos. Mas também há, os que refilam que estão com pouco tempo, pois o emprego que têm, exige cada vez mais dedicação e existem ainda, os que entram calados e saem mudos, mas nota-se que as suas preocupações são muitas, com a ideia de, "o que fazer depois do verão? ".

Que estamos todos metidos numa grande alhada, isso todos já sabemos, também já compreendemos, que andamos a pagar mais por tudo, seja a comida que compramos no supermercado, a gasolina que utilizamos nos nossos carros e toda uma série de serviços que consumimos nos nossos quotidianos. Que uma boa parte da população está com a corda no pescoço com os empréstimos ao banco, pela a compra de casas, carros, etc e que uma grande parte dos portugueses está no desemprego ou em risco de desemprego, enfim, os problemas são vários, mas, e o que fazer depois do verão?

Para muitos não existe um depois, as estações do ano há muito que deixaram de ser influência para alguma coisa, quer haja sol ou chuva, quer esteja quente ou frio, o que interessa é chegarem a uma solução e com optimismo, trabalho, dedicação, sacrifício, desenham em centenas de folhas de papel os seus planos para voltarem ao mundo do trabalho, talvez de início não sejam os empregos dos seus sonhos, nem sejam trabalhos no curso em que se especializaram, outros, colocam em prática antigos sonhos, juntam-se a outros colegas, que como eles, querem uma vida melhor, uma vida com significado.

E quer seja verão, quer ainda hajam subsídios, ou não, esboçam conscientemente saídas para a sua crise pessoal, independentemente da Crise em que o país se encontra. E são estas pessoas que fazem a diferença, porque invés de estarem deitadas na toalha a apanhar sol, na espera inútil que as soluções caíam do céu, procuram novas oportunidades usando o seu corpo, a sua cabeça e o seu coração, enchem cadernos e cadernos, com planos e ideias e criam novos negócios, abrem hipóteses para nichos que o mercado ainda não tinha satisfeito, geram novas empresas portuguesas, lutam por colocar o nome de Portugal, como um país não de Crises, de Troikas e FMIs, mas um Portugal sofisticado, cosmopolita, atraente, criativo e credível.

São também estas pessoas, que me inspiram, porque fazem da mensalidade do Yoga, um verdadeiro investimento, usam este dinheiro e vêm religiosamente às aulas, criam saúde nos seus corpos, audácia nas suas mentes e conexão com os seus corações, mantendo a prática de Ashtanga Yoga, como mais um plano, mais um item na sua lista de objectivos, que com uma determinação, que nasceu de uma Crise, esbarra janelas de tantas novas oportunidades.
Obrigada por estes exemplos,
de gente portuguesa,
digna,
trabalhadora,
audaz,
versátil,
humilde e completamente inspiradora.
Muito obrigada.

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