quarta-feira, 20 de julho de 2011

Ashtanga Yoga versus Creativity?




O Ashtanga Yoga centra-se na coordenação de uma respiração consciente, controlada e ritmada, com um conjunto determinado de posturas, existe uma ordem precisa no seu seguimento e ainda um número exacto de respirações para entrarmos, permanecermos e sairmos de cada posição. Ou seja, segundo os princípios desenhados por Shri K. Pattabhi Jois (1915-2009) não respiramos de qualquer maneira, não executamos uma postura porque naquele dia nos apeteceu, não olhamos para os outros enquanto praticamos, não saltamos ou omitimos posturas, no Ashtanga Yoga de Jois, existem regras para praticarmos e apenas pelo uso das técnicas é que adquirimos controlo do corpo, da mente e união destes, com a nossa alma.


O ensino deste método de Yoga, poderá numa primeira análise parecer demasiado rígido, exigente e difícil, no entanto e apesar de praticarmos de acordo com um conjunto de técnicas, todos temos uma maneira muito própria de praticar, mesmo que executemos as mesmas posturas, as mesmas séries de posturas, o mesmo tipo de respiração, os mesmos focos oculares e os mesmos selos energéticos, porque não somos iguais, temos corpos diferentes, mentes e almas distintas.


Leccionar Ashtanga Yoga a artistas plásticos, escultores, actores, escritores, jornalistas, designers, arquitectos e outros praticantes que têm a criatividade misturada na sua personalidade e na sua maneira de estar, e que a utilizam como força motriz para o seu desempenho profissional, poderá ser visto como um trabalho ingrato. Todavia, este ensino não é militarizado, respeita as particularidades, as limitações e capacidades de cada aluno, mas para ser Ashtanga Yoga teremos que praticar segundo os moldes descritos no seu método, senão não seria Ashtanga Yoga.


Este Yoga não é contra a criatividade, nem pretende criar um protótipo de praticante robô, um conjuntos de praticantes mecanizados, e sim estudantes que sentem, que são conscientes dos seus corpos, das suas mentes e das suas individualidades, que "Através do nosso encontro diário com nós mesmos no tapete de prática, podemos observar os nossos temores e as nossas fragilidades e cada vez que os reconhecemos eles diminuem um pouco. E assim nos fortificamos tornando-nos mais estáveis e um pouco menos temerosos" (Asana e Lesões em Astanga Yoga, Matthew Vollmer, tradução Lucia Ehlers, Editora Aramytho).


A prática inspira e permite abrir as portas da nossa alma, chegarmos à nossa essência e termos mais noção do que somos e do que não somos, para onde queremos ir e onde não queremos voltar. Este Ashtanga Yoga não é uma prática militar, nem é uma prática standardizada, é sim, uma forma de conexão connosco mesmo, com os outros e com o que está à nossa volta.


* foto de Aula Guiada, no KPAJYI, em Mysore

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