domingo, 26 de abril de 2015

Obrigada...Pedro...

Domingo cá em casa, tem sido dia de aula às 9.30. Mas normalmente não aparecem todos os praticantes do Shala, há sempre os que vêm quase todos os Domingos do mês, há os que vão aparecendo com alguma regularidade e há aqueles que são os "visitantes", que quando entram na sala, recebem sempre um Olá, seguido de alguma expressão que na altura me surge na mente e voa-me pela boca, em tom de graça e que provoca imediata gargalhada, a eles, aos outros e a mim.

 Estes visitantes são gente que nunca aparece neste dia, há outras coisas que fazem, seja porque não têm disponibilidade por responsabilidades com as famílias, sejam por outras razões aos quais eu não tenho absolutamente nada a ver com isso, mas como professora, cabe-me puxar pela inspiração para estruturarem os dias e terem tempo para a sua prática, aqui ou em casa.

Este Domingo foi realmente especial, ainda estava a chegar perto do portão e já lá havia um grupo de praticantes. Mal me aproximei, reconheci os rostos e ri-me, ora ali estavam os alunos do Domingo, e os tais que até são regulares, e tambem  um conjunto grande de visitantes. Foi o terceiro grupo que se destacou, porque eram todos surfistas, homens e mulheres. Subi as escadas, preparei a sala e abri a porta,  foram entrando uns atrás dos outros e foram cumprimentados com um Olá, seguido de um "O QUE CHUVA FAZ!?", ou "TENHO DE AGRADECER A S. PEDRO?", ou "POIS NÃO HÁ SURF, NÃO É?", ou ainda "RAIOS PARA ESTE VENTO FORTE" em tom de ironia... todos entraram e riram-se, com rostos comprometidos e ombros encolhidos, porque são gente que se o mar estivesse bom, não estariam aqui numa manhã de Domingo, às 9.30.

A aula decorreu com uma energia muito boa, feita por todos os que aqui estiveram, lá fora chovia, havia vento, o mar estava uma miséria, sem formação, mas dentro da sala, a prática deles florescia no foco que têm construído pela própria prática. Porque durante a semana, mesmo quando há ondas, quando há inícios de manhãs e finais de tarde de bom surf, verdadeiras tentações à prática, eles vêm, muitas vezes esticam o tapete ainda a olhar pelas janelas altas do Shala para o mar lá fora, mas optam pelo seu Ashtanga.

Acredito que a decisão é feita porque sentem os seus benefícios no corpo e na mente e espero, que na alma. Obrigada S. Pedro! Foi um começo de Domingo abençoado em água, e iluminado pelas suas práticas. E perdoa-lhes qualquer coisinha, que são gente boa e merecem uns dias cheios de sol, sem vento ou vento favorável e boas ondas.

EN
Sunday at our  home, has been day of class at 9:30am, but usually do not appear all practitioners of Shala. There are always those who come almost every Sunday of the month, there are those who are appearing with some regularity and there are those who are "visitors", that when they enter the room, always receive a Hello followed by some expression which at the time arises in me mind and fly me through the mouth, jokingly and that causes immediate laugh, to them, to others and to me.

 These visitors are people who never appears around here in this day, there have other things to do, can be because they have no availability because their families responsibilities, and for other reasons which I have absolutely nothing to do with it, but as a teacher, it is my job of pulling for their inspiration to structure the day and have time for their practice, here or at home.

This Sunday was really special, i was still arriving near the gate and already there was a group of practitioners, i barely approached and I recognized the faces, and of course i smiled,  there were the Sunday students, also the ones who come regularly and a  big group of visitors.  It was the third group stood out because they were all surfers, men and women. I climbed the stairs, I prepared the room and opened the door, there were entering one by one, and were greeted with a hello, followed by a WHAT DOES THE RAIN!?, or DO I HAVE TO THANK S. PEDRO?, or SO NO SURF RIGHT?, or ironically, DAMN FOR  THIS HIGH WIND ... all came in and laughed with compromised faces and shoulders hunched, because they are people that if the sea was good, would not be here in a Sunday morning at 9:30!

The class took place with good energy, maded by all the practitioners that were, outside was raining and there was wind, the sea was a misery, without good formation, but inside the room their practice flourished by the focus that they have been building by the practice itself. Because during the week, even when there are waves, when there are early mornings and late afternoon of good surf,  true temptations to the practice, they come, often stretch the mats still looking through the high windows of Shala to the sea out there, but decide for their Ashtanga.

I believe the decision is made because they feel its benefits in body and mind, and i hope, in the soul.
Thank you St. Peter! It was a Sunday that was blessed with water, and lited by their practices.
And forgive them any thing, they are good people and deserve some sunny days without wind or some favorable wind and good waves.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

OUR FRIDAYS...


As Sextas-feiras cá em casa são sempre especiais, não porque seja véspera do aguardado fim-de-semana, mas porque é dia de Aula Guiada logo pelas 6.30 da manhã.

Lá fora ainda estará escuro e cá dentro os alunos estendem os tapetes uns ao lado dos outros. Começamos com o mantra inicial e tenho sempre a sensação que ao meu lado estará o   Sharath, de olhos em mim, dá-me um nervoso típico de quem terá de guiar e impor um ritmo à prática dos outros, mas assim que início o primeiro EKAM passa a confiança consolidada por todos este anos de ensino.

Há semanas que temos a casa composta de gente que decidiu acordar cedo e começar o dia com o seu Ashtanga, noutras a turma é menos numerosa, com notória participação daqueles que levam a prática de forma tradicional, as 6x por semana. Na maioria das vezes tenho à minha frente os praticantes mais dedicados do Shala, aqueles que frequentam as aulas quer faça chuva ou sol, quer tenham ido a um jantar ou festa na noite passada, e também aqueles que se levantaram uma hora mais cedo para preparem as mochilas dos filhos, os pequenos-almoços e almoços, ou para organizar tudo o que precisam de levar para o trabalho quando saírem desta casa.

São gente que escuta as minhas indicações e sabe do que estou a falar, que ouve o nome da postura e entra na respiração certa e que saí no vinyasa correcto, que controla o ritmo respiratório quando este dispara na postura mais exigente e que sabe bem o que é o desafio de uma aula Guiada.
As Sextas-feiras cá em casa são sempre especiais, porque daqui deste lado, vejo a minha gente a tornar-se praticante.
Boas práticas!

*******Fridays at our home are always special, not because it is the eve of the desired weekend, but because it is Guided Class day at 6.30 in the morning.

There will be still dark outside and inside students extend the mats next to each other. I begin with the initial mantra and I always have the feeling that i have Sharath next to me,  with his eyes on me,  which give me a typical nervous of who must guide and set the pace to the practice of others, but once i start the first Ekam, it consolidated in trust from all this years of teaching.

Some weeks we have the house full of people who decided to get up early and start the day with their Ashtanga, in others the class is less numerous, with notable participation of those who take the practice in the traditional way, 6 times per week. Most of the time I have before me the most dedicated practitioners of Shala, those who attend classes either rain or shine, whether they went to a dinner or party last night, and also those who rose up an hour early to prepare the backpacks of children, breakfasts and lunches, or to arrange everything they need to take to work when they leave this house.

They are people who listen to my directions and know what I'm talking, who hear the name of one posture and enters with the right breathing and left the pose with the correct vinyasa, which controls the breathing rhythm when it shoots in a more demanding pose and who knows well what a challenge is a Guided class.
Fridays at our home are always special, because here,  in this side, I see my people becoming practitioners.
Happy practicing!

terça-feira, 21 de abril de 2015

ASHTANGA TRIP

 Ainda com os alunos a terminarem as três posturas finais, estendi o tapete para começar a minha prática e antes de acabar as posturas de pé, já o Shala estava vazio.

O som da minha respiração e dos meus movimentos, eram apenas interrompidos pelo barulho do comboio a passar lá atrás, ou a buzina de um carro parado no sinal, ou o roncar mais alto da Biga lá fora.

Ali estava eu e eu mesma, como a prática deve ser, mesmo quando existem outros praticantes ao nosso lado. É aqui que começa mais uma  viagem interna, por meio da prática. Podemos estar uns ao lado dos outros, a fazermos exactamente a mesma posição e as nossas viagens internas serão todas diferentes, dependendo do estado físico do nosso corpo, da nossa mente e emoções.

O que para uns será fisicamente fácil, para outros será uma verdadeira tortura, uns têm a mente sossegada e caladinha, outros escutam cem mil vozes todos advindas do mesmo lugar, dentro delas mesmas. Uns respiram com tranquilidade, mesmo que as posições sejam exigentes, e outros misturam-se com as suas emoções e voam alto ou aterram no chão sem dó ou piedade. Variedade de situações, que oscilam entre estes e outros extremos, mas que passeiam igualmente pelos seus intermédios, o que cria uma diversidade visível, notória e sentida de todas as viagens que fazemos em cima do tapete.

Aquele velho mito que praticar Ashtanga é repetir todos os dias a mesma coisa, é frase de quem nunca praticou Ashtanga, porque uma vez em cima do tapete, dia atrás de dia, conseguimos enumerar e descrever episodicamente cada uma das práticas. Umas vezes criaremos verdadeiros prémios nobel da literatura, outros verdadeiros folhetins de muito má qualidade. Teremos roteiros bonitos que seriam inteligentemente adaptados para um filme com direito a protagonistas de renome, e também curtas-metragens mais do gênero independente. Conseguiríamos recriar pelas experiências da prática, pelas viagens internas diárias, romances, comédias, dramas, oh quantos dramas! Uma variedade de argumentos que satisfariam uma diversidade de leitores, espectadores e curiosos.
Boas práticas!

*******With the students still finishing the final three positions,  i reached the mat to start my practice and before i finished the standing postures, the Shala was already empty.
The sound of my breathing and my movements were only interrupted by the train noise in the back,  or the horn of a car stopped at the signal or the louder snore of Biga out there.

There I was, me and myself, as the practice should be, even when we have other practitioners with us. It is here that starts  another internal travel through the practice. We may be a few practitioners next to each other, doing exactly the same position and our internal travels will all be different, depending on the physical state of our body, our mind and emotions.

What for some is physically easy, for others it will be a real torture, some have a quiet and silent mind, others listen hundred thousand voices all coming from the same place, within themselves. Some breathe calmly, even if the positions are demanding, and other blend with their emotions and high-flying or landing on the ground without pity or mercy. Variety of situations, ranging from these and other extremes, but also wandering in the intermediate ways,  which creates a visible, notorious,  and felt diversity of trips that we do on the mat.

That old myth that Ashtanga practice is repeating every day the same thing, is a sentence from those who never practiced Ashtanga, because once on the mat, day after day, we can enumerate and describe episodically each of the practices. Sometimes we create real literature Nobel Prizes, other true serials of very poor quality. We will have beautiful routes that would be cleverly adapted to a movie with  renowned protagonists, and also more independent genre of short films. We could recreate by the practical experience, and daily internal travels, novels, comedies, dramas, oh how many dramas! A variety of arguments that would satisfy a variety of readers, viewers and curious.
Happy practicing!

sexta-feira, 17 de abril de 2015

IS AGE, GENDER OR AN ASHTANGI THING?

Era Sábado, dia de descanso da prática e do ensino, levantei-me para ir surfar, estava sol e sabia que haviam umas ondas.

Entrei para dentro de água e haviam outros como eu, acenei a cabeça aos conhecidos, cumprimentei os mais conhecidos, e fiquei focada  em aproveitar esta coisa especial de estar no mar.


Quando saí, vinha a falar com uma pessoa que já não via há uns tempos, o tema era surf e ondas, e já com os pés na areia, ele pergunta, Verinha que idade tens? E eu pensei cá para mim, Hum!Será que ainda não sabes que isso não se pergunta a uma mulher?! Mas respondi meia a sorrir, 33. E ele mudou o tema outra vez para o surf e as ondas. E eu, enquanto pisava mais um bocado de areia, disse-lhe, Porque é que me perguntaste a idade?!Ao qual ele respondeu prontamente, Ah!porque AINDA estás muita bem! Eu pensei, AINDA?! AINDA ESTOU MUITAAA BEM?! Antes de controlar o pensamento, já estavam as palavras a saírem-me pela boca, AINDA ESTOU MUITO BEM?! Ele a sorrir e a olhar para mim, disse, Sim, deve ser desse Yoga todo! Eu sorri, com aquilo a que seria descrito por sorriso muito pouco branco,  porque ainda estava com o AINDA, entravado na garganta.
E lá voltámos a mudar de assunto, outra vez para o surf e as ondas enquanto caminhámos mais um pouco, até despedimos-nos. Eu continuei pela areia, junto ao mar, com a prancha debaixo do braço,  a reflectir no episódio, será que isto acontece a outras como eu, mulheres de 30 e tal anos? Será que isto acontece também aos homens de 30 tal anos? Ou será que isto só acontece a Ashtangis de 30 tal anos?

Sim, espero que daqui a mais 10 ou 20 anos, me digam que eu AINDA ESTOU MUITA BEM e que tudo se deve ao meu Ashtanga! Não por vaidade ou por ego, mas porque o Ashtanga e as opções que faça, me mantenham com saúde e com sanidade mental.

Boas práticas!


*******It was Saturday, resting day from the practice and from teaching, I got up to go surf, was sun and i knew there would be some waves.

I went into the water and there was others like me, i nodded my head to the acquaintances and i  saluted more acquaintances, and i focused in this special thing of being inside the ocean.



When I left, i was talking to a person who had not seen in a while, the subject was surf and waves, and i was already with with my feet in the sand, when he asked, Verinha how old are you? And I thought to myself, Hum! Don t you know that this, you don't ask to a woman ?!  But I said half smiling, 33. And he changed the subject again to surf and waves. And I, as i stepped over another bit of sand, said to him, Why you asked me the age?! To which he replied promptly, Oh because you are STILL very well! I thought, STILL ?! I'M STILLLLL VERY WELL?! And before i  control my thought, the words were already coming out of my mouth, I 'M STILL VERY WELL ?! He smiled, looked at me and said, Yes, it must be from all that Yoga! I smiled, with what would be described by a very less white smile, because there was the STILL, hampered in my throat. And again we changed the subject, again for surfing and waves as we walked a little more, until we said goodbye. I kept walking on the sand, by the sea, with the surfboard under my arm, and reflecting on the episode, does this happen to other like me, women of 30 or so years? Does this also happens to men of 30 years? Or is this just happens to Ashtangis of 30 something years?

Yes, I hope that after another 10 or 20 years, someone tell me I'M STILL VERY WELL and that everything is due to my Ashtanga! Not for vanity or ego, but because the Ashtanga and options i did, kept me with health and mental sanity.
Happy practicing!


quarta-feira, 15 de abril de 2015

IT CAN BECOME LOVE.

Haviam uns quantos emails para serem lidos, mas reparei naquele nome e "cliquei" para saber noticias dela. Li as suas palavras e acabei por ficar com o email aberto no monitor.

As razões que trazem as pessoas para o Yoga, particularmente para o Ashtanga são várias e os motivos que levam os praticantes a pararem de praticar são igualmente vastas. Parece que andam de mão dada umas com as outras, como um casal de gente apaixonada, que procura na mão do outro a continuação da sua. Começam entusiasmados, optimistas, esperançosos nos milagres que acreditam que este Yoga trará para as suas vidas, vêm praticar com devoção, com garra, dedicam-se a abrir um corpo fechado por anos de estarem sentados em cadeiras e sofás, por horas ao computador ou a ver televisão,  por muitas actividades que não implicaram usarem os músculos, muito menos as articulações, e todas outras inúmeras e dispersas razões que fazem a maioria chegar ao Yoga e olhar para os desenhos das posturas e desatarem a rir, porque a sua voz interna grita alto e bom som, ESTÁS MALUCO? ACHAS QUE ALGUMA VEZ, VAIS FAZER ISTO?! E depois ultrapassam a fase inicial do namoro, onde tudo é novo, onde tudo é especial, onde mesmo as coisas que não acham graça acabam por ter alguma graça. Só quando entram numa nova etapa, de maior maturidade da sua relação com o Ashtanga, desculpem, da sua relação consigo próprio, começam a encontrar dúvidas, ou medos, ou questões. O reinado da paixão começa a tremer e ou conseguimos alimentar os devaneios do estado anterior, ou entramos na tal coisa do chamado Amor, ou acabamos por largar o tapete na escola, sairmos porta fora e mudarmos o Yoga, o Ashtanga, para qualquer outra coisa, seja corrida, caminhada, ginásio e treino cardio, algo  que seja bem longe do tapete. Só que na maior parte das vezes, quando os praticantes param a prática, é exactamente quando deviam não interromper. Porque esse é o ponto em que a tal prática iria começar a fazer parar, olhar lá para dentro, colocar luz em situações que tão mestres, somos em esconder de nós mesmos. São nas fases menos boas, aquelas onde andamos estressados, onde sentimos agitação, onde tudo nos irrita, que o Ashtanga chega como ferramenta de auto-descoberta e também meio para a mudança.  Se andam nervosos, se andam aborrecidos com a vossa vida, venham às aulas, libertem-se dessas emoções pelas respirações, pelos movimentos e pelas posturas e quando terminarem mais uma prática e estiverem a enrolar o tapete para o levar para casa, com certeza que sentem que valeu a pena  terem praticado. Há paixões que são assim, que não vale a pena as deixarmos, porque com tempo podem tornar-se amores para a vida.
Boas práticas!

*******There were a few emails to be read, but I noticed in that name and i clicked to get news of her. I Read her words and I ended up staying with the open email on the monitor.

The reasons that bring people to yoga, particularly for Ashtanga are varied and the reasons why practitioners stop practicing are also vast. It seems that they go hand in hand with each other, as a passionate couple who seeks the hand of the other its continued. They get excited, optimistic, hopeful in miracles who believe this Yoga will bring to their lives, they come to practice with devotion, with joy,  dedicated to open a closed body for years of being sit on chairs and couches, for hours being at the computer or watching TV, for many activities that did not involve using the muscles, much less the joints, and all other numerous and dispersed reasons why most people get to Yoga and look at the pictures of the postures and unleash laughing because their inner voice screams loud and clear, ARE YOU CRAZY? You think, YOU WILL EVER DO THIS ?! And then they pass the early stages of dating, where everything is new, where everything is special, where even the things that find no grace end up having some grace. Only when they enter a new phase of greater maturity of their relationship with the Ashtanga, sorry, their relationship with themselves, they begin to find doubts, or fears, or concerns. The reign of passion begins to tremble, or they could feed the daydreams of the previous state, or they entered in this thing called Love, or they just drop the mat at school, get out the door and change the Yoga, the Ashtanga, for anything else either running, walking, gym and cardio training, something that is well away from the mat. But in most cases, when practitioners stop the practice, is exactly when they should not interrupt. That is the point where their practice was about to make them stop, look inside, put light in situations that as masters we so well hide from ourselves. It is in the difficult times, those where we feel stressed, where we feel agitation, where everything annoys us, that the Ashtanga comes as a self-discovery tool and also a way for a change. If you are feeling nervous, if you bored with your life, come to school, release these emotions by breathing, by the movements and postures, and when you finish one more practice and you are rolling the mat to take it home, for sure you will feel it was worth having practiced. There are passions that are worth to keep, because with time they can become love for life.
Happy practicing!

quarta-feira, 1 de abril de 2015

My Kind of Women

 Depois destes semanas em viagem, tive o privilégio de me cruzar com algumas pessoas que não via há uns tempos, e conhecer outras pela primeira vez. Devo confessar-vos que pelo caminho cruzei-me com pessoas que são do meu género, não, não falo de Género, mas falo de gente que comunica a minha linguagem e não, não porque utilizam o português, mas um tipo de gente que sente, que olha para dentro e que tenta superar-se nas suas limitações físicas, mentais, emocionais e espirituais. Sim, falo de gente que naturalmente reconhecemos como o nosso tipo de gente. Não quero parecer sexista, longe de mim, nem dar papel de destaque a mulheres em detrimento de homens, mas a verdade é que estes dias foram marcados por elas.

Logo no começo desta viagem, fui recebida por uma mulher que me lembra eu mesma, temos o mesmo tipo de vida, acordar bem cedo, preparar tudo, sair de casa, abrir a escola, estar horas dedicada ao ensino, receber praticantes, estimular práticas, para depois estender o tapete, recolher ao momento de ali estar e com devoção pelo que acreditamos, esticar o corpo com a ajuda da respiração para conectar com um acalmar de mente e tentar superar um pouco mais o mundo dos opostos.
O dia continua com organização da escola, gestão do necessário para que uma comunidade de praticantes possa usufruir de um espaço onde pratiquem Ashtanga Yoga segundo a tradição de Mysore e da família Jois. Acaba o dia a ensinar novamente as aulas da tarde, a receber alunos e a trabalhar com cada um. Volta a casa, come algo, passa tempo com a família, e dali a umas horas tudo se repete, num quotidiano de significado, de entrega, de processo de crescimento como mulher, como praticante, como professora. Revi-me imensas vezes nela e com ela aprendi ou reaprendi, a soltar, a entregar, a expirar. Por ela recebi inspiração para a minha Prática e para uma melhor e maior consciência de onde quero estar agora, neste momento. Obrigada Kaka.

A segunda que destaco é uma mãe, uma mulher que acompanhei nalgumas caminhadas ao lado da Lagoa, com quem conversei temas do dia-a-dia, com quem partilhei sorrisos, gargalhadas e passos rápidos.  Que me recebeu na sua casa, que me ofereceu comida caseira, que me lembrou a minha própria mãe, e com quem vi alguns dias a novela das 18h enquanto alongava em cima do tapete, os músculos queixosos por tanta surfada e caminhada. Obrigada Angela.


A terceira foi uma mulher que já tinha ouvido falar, que traz consigo uma energia de Deusa feminina,  que esboça no seu trabalho de design uma criatividade que inspira, que  dá vontade de olharmos mais para o nosso corpo, de cuidarmos deste veículo da alma, de usarmos cor, de vestirmos calças justas, de colocarmos um bikini mais ousado e mais pequenino, de festejarmos esta coisa maravilhosa de sermos mulheres. Obrigada pela tarde, Lou.


*******After these weeks on the road, I had the privilege of crossing with some people that i had not seen for a while, and i meet other for the first time. I must confess to you that I came across with people who are my gender, no, i not speaking  of Gender, but I speak of people who communicating in my language and no, i m not speaking because they use the portuguese, but because they are a kind of people who feel, look into themselves and try to overcome their physical, mental, emotional and spiritual limitations, yes, I speak of these people who we recognize as our kind of people. I do not mean to sound sexist, at all, nor give a prominent role to women rather than men, but these days were marked by them.

At the very beginning of this trip, I was greeted by a woman who reminds me of myself, we have the same kind of life, wake up early, prepare everything, leave the house, opening the school, be hours devoted to teaching, receive practitioners, stimulate practices, then stretch the mat, collect the time of being there and with devotion for what we believe, stretch the body with the help of breathing to connect with a calm mind and try to overcome a little more the world of opposites. The day continues with school organization, management is required to allow a community of practitioners to enjoy a space to practice Ashtanga Yoga in the tradition of Mysore and Jois family. She Finish the day by teaching again The afternoon classes and working with each student. Back home, she eat something, spend time with family, and from there a few hours everything is repeated,  creating a meaning to everyday life, of surrender, for a process of growing as a woman, as a practitioner, as a teacher. It reminded me many times about myself and i learned or relearned with her, to let go, to release, to exhale. I received inspiration through her for my practice and for a better and more aware of where I want to be here, in this moment. Thank You Kaka.

The second was a mother, a woman who i accompanied in some walks right aside of the pond, with who i spoke about issues of the day-to-day,  who i shared smiles, laughter and quick steps. Who received me in her house, offered me homemade food, she reminded me of my own mother, and who with i saw a few days the 6pm soap opera, while stretching on the mat, the complainants muscles by so much surf and walk. Thank you Angela.

The third was a woman who I had already heard about, that brings a feminine Goddess energy with her, she brings in her  design work a creativity that inspires, that makes you want to take care more of our body, take care of this vehicle of the soul, to use more color, to use  tights clothes, to put a much smaller and bolder bikini, to celebrate this wonderful thing of being a woman. Thank you for the afternoon, Lou.