Não escrevo isto para o envergonhar, nem tão pouco para lhe apontar o dedo, nem para levantar dúvidas sobre a sua pessoa. Escrevo isto porque já tinha escutado histórias semelhantes noutras escolas de Yoga, aqui e fora do nosso Portugal. Acontece em todo o lado, infelizmente. Em todos os lugares, onde existem e passam pessoas. Mas talvez por ingenuidade, talvez por acreditar no poder transformador e integrador desta prática que fazemos, talvez por considerar a nossa estrutura pequenina, uma comunidade de gente crescente, mas onde todos nos conhecemos, que tal coisa nunca iria acontecer no nosso Shala.
Pior ainda, foi ter acontecido nesta altura, quando recebemos o Peter Sanson, que nos presenciou com tamanha experiência reveladora do que é o Ashtanga Yoga, de como deve ser praticado, de como deve ser pensado, sentido, colocado no tapete e no nosso dia-a-dia. Alguém de todo o grupo de pessoas que visitou a nossa casa, se esqueceu de um princípio base do Yoga - ASTEYA - não roubar. Aquele livro estava na salinha da entrada desde o inicio desta casa, esse e todos os outros que você viu, estão ali para serem tocados, lidos, mas para voltarem a serem colocados no mesmo lugar.
Foram vários os praticantes que vi a consultarem esse e outros livros, nunca me passaria pela cabeça que um deles iria desaparecer. Não preciso de saber quem foi a pessoa que o fez, mas caso sinta que fez um erro, volte a trazer o livro, deixe-o à porta do Shala, num horário que saiba que não estamos em aula. Se você é um praticante de fora, que não vive em Portugal, guarde o livro em sua casa e lembre-se que o roubou.
No primeiro ano que fui a Mysore, havia rumores, tristes rumores, que haveria alguém a roubar nos balneários das raparigas. Era algo estranho para todos e muitas de nós comentámos, de como é que alguém, aluna daquele Shala, que estava a fazer Yoga, roubava! Aproveitava a boa fé das outras praticantes, que deixavam as bolsas, as roupas, os bens pessoais num canto do balneário, sem ser nos cacifos com cadeado. Lembro-me de estarmos várias a comentar à porta do Shala, sobre como é que alguém vinha para ali fazer isso e muitas de nós passámos a colocar as nossas coisas dentro dos cacifos fechados a chave. É pena que continue a haver pessoas que o fazem. Era bom que estas palavras servissem para pensar, foi um livro, podia ter sido outra coisa qualquer.
Valeu a pena?
EN
I am not writing this to shame you, nor to point you, or to raise doubts about your person. I write this because I had heard similar stories in other schools of Yoga, here and beyond our Portugal. It happens everywhere, unfortunately. Everywhere, where there are and pass people. But perhaps innocently, perhaps believing in the transformative and integrative power of this practice that we do, or maybe because our structure is tiny, is growing community of people, but where we all know each other, that i thought such thing would never happen in our Shala. Worse was to happen this time, when we received Peter Sanson, who gave us such revelatory experience of what is Ashtanga Yoga, how it should be practiced, how it should be thought, felt, placed on the mat t and in our day to day. Someone from the whole group of people who visited our home, forgot a basic principle of Yoga - Asteya - do not steal . That book was in the entry room since the beginning of this house, this and all the others you have seen, are there to be touched, read, but should return to being placed in the same place.
I saw several practitioners consulting this and other books, but never in my mind i thought one of them would disappear. I do not need to know who was the person who made it, but if you feel you made a mistake, bring the book back, leave it at the door of Shala, in a schedule that you know we are not in class. If you are an outside practitioner, who do not live in Portugal, keep the book in your home and remember that you stole it.
The first year I went to Mysore, there was rumors, sad rumors that someone was stealing in the girls changing room. It was something strange for everyone and many of us have coment, how does someone, student of that Shala, who was doing Yoga, robbed! Taking advantage of the good faith of the other practitioners who would leave bags, clothes, personal belongings in a corner of the changing room, without being in lockers with padlock. I remember many of us comment on the doorstep of Shala, about how someone came there to do this and many of us started putting our things in the lockers with key. It's sad that there are still people who continue to do it. It would be nice that these words serve to think, was a book, it could have been something else. Was it worth it?
* fotos de arquivo pessoal e de pesquisa online.
photos from personal archieve and online research.
2 comentários:
Olá Vera. Ainda não nos conhecemos e nunca fui à shala de Cascais, mas é com muita tristeza que li a noticia do desaparecimento do livro e lamento o sucedido. Julgo que pessoas são pessoas, independentemente de praticarem yoga ou não, a açao fica para quem as pratica. Pessoalmente e sempre que vou a uma shala tenho o especial cuidade de levar a carteira e o telemóvel para junto do meu tapete enquanto pratico, pois sei muito bem que se tem de ter alguns cuidados.
sadly people steal from far more sacred places than a yoga practice room..and justify it themselves to refrain from guilt. Its human nature. its sad but it reminds us that people aren't transformed in a different setting, and if they have bad practices, they bring them into every situation in their lives. The generous nature of opening our homes and our hearts to the possibility of theft is the risk we take to enjoy the comfort of leaving behind locks and keys :)
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