sábado, 21 de abril de 2012

Ashtangis

Sempre que vejo imagens das aulas do Guruji e agora de Sharath Jois, acabo sempre por pensar na magia desta prática que motiva todas aquelas pessoas, a subirem aos seus tapetes de Yoga e numa hora e meia, moverem o corpo ao sabor da sua respiração.

Aquele aglomerado de gente, comprova que o Ashtanga há muito que passou a ser uma prática universal, não importa o género, a idade e o famoso,grau de flexibilidade. Somos praticantes com corpos tão distintos como as nossas mentes, com motivações tão diferentes como conteúdo das nossas almas, mas juntos construímos uma realidade que sustenta que o Ashtanga Yoga, há muito que deixou de ser ensinado a rapazes de 16 anos e que é praticado por qualquer pessoa que sinta que este método de Yoga tem realmente algo de especial. Temos formas e feitios completamente desiguais, mas prática a prática, a nossa intenção vai ficando parecida,  porque andamos todo a tentar encontrar uma forma de conexão.

Esta liberação do Ashtanga Yoga, deveu-se muito ao trabalho moroso e grandioso de Sri T. Krishanamacharya (1888 - 1989) e a Shri K. Pattabhi Jois (1915 -2009), que juntos estudaram e organizaram este sistema para que hoje, todos o possamos praticar. Mas há também que salientar o papel importante de todos os professores que mantém cuidadosamente a ligação com as tradições deixadas  por estes dois grandes mestres, agora difundidas por Sharath, que aliam os conhecimentos e técnicas que aprenderam, com a capacidade de ajustarem o ensino às necessidades dos alunos. Contribuindo para que o Ashtanga Yoga seja visto como um método intenso, forte, físico, mas que pode ser praticado por todos.

Se focarmos os olhos, na primeira foto,  reparamos que algumas pessoas fazem as posturas completamente alinhadas, os pés em ponta, as pernas activas, os braços dirigidos para os lados, as mãos graciosamente à agarrar os pés, a face experientemente rodada para cima, enquanto outros, estão com os pés para baixo, as pernas meio que dobradas, os braços parecem tentar encontrar  equilíbrio, as mãos agarram com força os pés e a face está para a frente, com nítido receio de caírem para trás, mas e daí? Uns estão nas posturas conquistadas por anos de experiência, os outros estão a descobrir o corpo, o controlo da respiração e as bases da postura. Qual deles é Ashtangi? Qual deles é Yogui?

Somos todos...
Andamos todos, uns mais à frente, outros mais atrás a tentar encontrar um mundo interno sereno e calmo. Ser um Ashtangi,  é ser praticante consistente, é encontrar uma disciplina... ser Ashtangi é igual aqui, ali na América, ou na Índia... independentemente das capacidades do nosso corpo, mente e alma.

Se enumera-se a quantidade de Ashtangis que conheci que mal conseguiam tocar com as mãos no chão quando faziam uma flexão à frente, ou aqueles que eram tão nervosos, que mal conseguiam ficar na postura 5 respirações pois parecia-lhes uma eternidade, ou aqueles que tinham o seu emocional tão trocado, que quando sentiam a disciplina a começar a chegar fugiam da prática durante 2 ou 3 dias.
Mas que ano após ano foram fazendo o caminho dos oito passos, provavelmente, ainda não chegaram a Samadhi, mas depois de tantos anos, já tocam com as mãos ao chão, já conseguem respirar focadamente 5 respirações, e mesmo nos dias mais difíceis não fogem do tapete...

Ashtangis?
Somos todos... todos os que praticam.


*fotos retiradas do JOIS YOGA GREENWICH, de Diana Cabrera e Tom Rosenthal

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