"Não faço isto... hoje eu não vou fazer isto... não faço... ele está ali de costas, agarro o mat e pisgo-me daqui, nem vai dar pela minha falta... AHHHH cala-te mulher, foca-te, respira e faz... 1...2...3... inspira e vai para trás e entrega a Deus... AHHH não consigo!... estou perra... dói-me as costas... não quero fazer isto... só me apetece chorar... Mãeeeeeeeeeee.... o que eu dava por um abraço, hmm da avó Lucinda, que nunca mais vou ver... ahhhhhhh que medo... não percebo de onde é que isto tudo está a vir... ups, ele já está a olhar para mim, tenho de fazer isto... coragem... respira... calma... é só lembrar-te da técnica, focar na respiração, isto é só mais uma postura... não há razão nenhuma para este drama... respira... Mulher respira... vai... 1...2...3... vai e entrega a Deus..."
Existem posturas que trazem alguma dor ou incomodo emocional, mental e infelizmente, físico. Para melhor nos protegermos e ao mesmo tempo conseguirmos superar estes obstáculos e alcançarmos um estado de maior tranquilidade durante a nossa prática de asana, há que ajustarmos a técnica e o alinhamento ao nosso próprio corpo, reconhecermos o nosso potencial e ao mesmo tempo, respeitarmos as nossas limitações e sem ambições infantis ou projecções de um Ego com vontade de brilhar, compreendermos e aceitarmos exactamente onde está o nosso corpo, a nossa mente e a nossa alma e com paciência e serenidade analisar as reacções que a postura nos traz, quer seja boa ou má, o Yoga começa ali, quando estamos em cima do tapete e temos de ouvir o frenesim dos nossos pensamentos, sentirmos todo um rol de emoções e com discernimento, a rir ou a chorar, simplesmente conseguirmos estar presentes.Eventualmente o ciclo de pensamentos acalma, as emoções deixam de ser tão intensas e opostas e a postura começa naturalmente a acontecer, fruto da nossa entrega, inteligência e trabalho.
*Eira Adeli, Ashtanga Cascais, 2011
1 comentário:
Como me revi nas palavras deste artigo! Obrigada por partilhar!
Namastê
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