sábado, 20 de fevereiro de 2010

Não é um jogo... nem tão pouco um concurso ou competição


A maioria de nós está habituado ou cresceu segundo a ideia que temos de lutar pelo nosso lugar na sociedade, na nossa comunidade, no nosso trabalho, no seio da nossa família, grupo de amigos, etc. Adjacente a isso e porque o mundo é cada vez mais competitivo e exige tanto de cada um de nós, cedo aprendemos os conceitos de concorrência, competição e da ignorante e limitante existência do nosso ego e orgulho. O Yoga não é um jogo, não é uma batalha, nem tão pouco um concurso ou competição, não tem prémios e os benefícios não são o fim mas sim as consequências de uma prática sincera, contínua e disciplinada.

No inicio é normal sentirmos a necessidade de provar aos outros: aos colegas que estão ao nosso lado, ao professor e até a nós mesmos que conseguimos fazer aquela ou outra postura, mas rapidamente aprendemos que não é por aí o caminho. Que não é por chegarmos com as mãos ao chão quando nos dobramos para a frente ou porque conseguimos fazer os tão famosos backbendings ou os drop backs ou que mantemos as 10 respirações na postura invertida de cabeça no chão, que somos mais ou menos praticantes de Yoga. No Yoga não interessa se você faz ou não a postura perfeita, interessa sim o seu esforço sincero, a sua dedicação à prática e por esta, tudo o resto acontece.

Mas mais importante ainda, é necessário que você perceba que dentro da sala de aula, em cima do seu tapete, não há espaço para competições e concorrências, que a sala de aula é um lugar neutro e seguro, onde você pode largar as máscaras e condicionamentos sociais e com o coração aberto, simplesmente fazer a sua prática, conectando-se cada vez mais com o seu corpo e a sua mente.

É normal perdermos -nos com a prática dos colegas do lado, não estamos habituados a concentrarmos-nos em nós, na nossa respiração nem tão pouco no nosso corpo e o mais natural é que a meio da aula estejamos deslumbrados ou surpreendidos com as posturas que os outros colegas fazem, levando-nos a comparar as nossas capacidades e limitações com as deles. Verdade seja, que ainda hoje quando estou numa sala repleta de alunos avançados, dou por mim a ter de fazer um esforço consciente para me concentrar nos meus drishtis (focos oculares) de modo a manter a minha prática.

Somos humanos, nascemos e crescemos no seio de milhares de cenários competitivos. Mas se nos lembrarmos que o Yoga é uma viagem individual, única e diferente para cada um de nós mesmo quando feita numa sala repleta de praticantes, onde cada um pratica no seu próprio ritmo, onde cada um sente as posturas de forma diferente mesmo quando executamos os mesmos asanas.

* Lu Andrade, Manel Ferreira, Goa

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