Eu já pratico Ashtanga Yoga vai para três anos, e quando comecei, estava tão entusiasmada que falava do Ashtanga a todas as pessoas que se cruzavam comigo por mais que 5 minutos.
Estava naquela fase de pura paixão pela prática, todos os dias acordava com vontade de ir para o Shala para praticar, não me continha em mim de alegria de finalmente ter encontrado algo meu, que eu simplesmente adorasse fazer, para lá de ser esposa e mãe, para lá do meu trabalho, etc.
Não sei se era porque sentia mesmo, os efeitos do Ashtanga no corpo, se era porque saia da aula tão bem, tão feliz comigo mesma, mas aquele começo serviu-me de motivação para continuar a prática nos dias mais difíceis, onde estou cansada. E claro, as minhas duas melhores amigas ouviam-me mais que qualquer outra pessoa, andei quase dois anos a falar do Ashtanga. E não sei bem como, mas de tanto me ouvirem, ou de tanto gozarem comigo, aquelas duas lá vieram a uma aula.
Nós as três, umas ao lado das outras, em cima do tapete, eu só me ria, a professora percebeu logo a nossa dinâmica, e mandou-me começar a minha prática enquanto ela guiava a Maria e a Carlota. Tive que fazer tanto esforço para não me rir durante a minha prática. Uma bufava pelo esforço físico, a outra super concentrada, e eu lá ia pedindo à minha atenção para entrar para dentro de mim, porque só me apetecia assistir aquele maravilhoso espectáculo de ver as minhas melhores amigas a fazerem Ashtanga!
No final do meu descanso, estavam as duas à minha espera na salinha de entrada, olhei para elas e tinham um sorriso estampado no rosto, e disseram ao mesmo tempo, "vamos continuar com isto!"
E a partir daí continuaram mesmo! Às vezes conseguimos arranjar maneira de praticarmos no Shala juntas, acontece mais aos Domingos, porque durante a semana temos horários de trabalho diferentes. E depois da aula temos sempre o nosso ritual, esteja chuva ou sol, de colocarmos a conversa em dia enquanto tomamos um café e comemos alguma coisa. Lá vamos nós para a Garrett, ou à Poça, que o Cantinho da Luísa está fechado, de tapete debaixo do braço, ainda com vestígios da prática no rosto e no corpo, a dar gargalhadas em pura cavaqueira, ou a apoiar-nos quando alguma de nós anda numa fase menos boa. É muito engraçado, somos amigas há tantos anos, passámos por tantas fases juntas, por alegrias e tristezas, por vitórias e derrotas, e é tão especial estarmos aqui e agora, com o Ashtanga entre nós. "
EN
"We are friends from our time of school, me, Maria and Carolina. And almost a year, we are also practice companions.
I already practiced Ashtanga Yoga for almost three years and when I started, I was so excited that i spoke of Ashtanga to all the people who crossed me for more than 5 minutes.
I was in that stage of pure passion for the practice, every day i would wake up wanting to go to the Shala to practice, did not control myself with joy to finally have found something mine, who I simply adored to do, beyond being a wife and mother, beyond my job, etc.
I do not know if it was because I really felt the effects of Ashtanga in the body, whether it was because i left the Shala so well, so happy with myself but that first classes served me as motivation to continue to practice in the most difficult days, when I'm tired. Of course, my two best friends listened to me more than anyone else, i passed nearly two years talking about Ashtanga. I do not know how, if it was because they heard me so much, or if it was because they joked with me so much, but one day those two came a class.
The three of us, one next to one another, on the mat, I just laughed, the teacher soon realized our dynamic, and told me to start my practice, as she led Maria and Carlota. I had to make so much effort not to laugh during my practice. One was puffing by physical effort, the other super concentrated, and i was asking to my attention to enter in my body, because i just felt like watching the amazing show of seeing my best friends doing Ashtanga!
At the end of my rest, hey were both waiting for me at the entrance room, i looked at them, they had a smile on their face, and said simultaneously, "we will continue with this!"
And from there, they really continued! Sometimes we can find a way to practice in the Shala together, it happens most on Sundays, because during the week we have different work schedules. Then after class we always have the ritual, whether rains or shines, we go for our talks as we go for a coffee and eat something. We go to Garrett, or Poça, because Cantinho da Luísa is closed, mat under our arms, still with traces of practice on the face and body, laughing in pure prattle, or supporting one of us, if we are passing through a less good moment. It's funny, we're friends for so many years, we passed together through so many phases, by joys and sorrows, by wins and losses and it is so special to be here and now, with the Ashtanga between us."
