sábado, 29 de outubro de 2011

The power of TRANSFORMATION




Yoga é transformação.
Começamos por uma variedade de razões, continuamos por uma diversidade de inspirações e motivações, mantemos por uma incontornável sensação de mudança, de maturidade e crescimento.

O corpo e a mente vão reduzindo de tamanho e o coração cresce em forma e conteúdo, temos mais espaço para o cultivo da nossa alma e mais tempo para escutarmos e observarmos, não num contexto Egocêntrico ou num exercício para a Vaidade, mas num caminho de liberdade, um que dá a sensação única de criarmos mais veracidade, humildade e fé.

Esta prática de Ashtanga Yoga, quando feita 6x por semana, naturalmente obriga a uma percepção de superação, de remoção de obstáculos, físicos, mentais, emocionais e energéticos. Caminhamos de mãos dadas com Ganesha e vamos fazendo o nosso próprio troço, construímos o nosso futuro pela vivência do presente e deixamos um sorriso de maior satisfação e realização, quando paramos um pouco e recordamos como vivemos o ontem e como estamos a viver o hoje.

Teoricamente parece uma novela com final feliz, ou um filme romântico que sem surpresa acaba bem, na vida realmente são conjuntos de episódios, que necessitam de ser colados com muito bhavana, muita dedicação, disciplina, persistência, trabalho, consciência e quilos quilos de humildade.

Praticar este método de Yoga é mesmo um acto de fé, fé no método e fé nos nossos professores, quer seja aqui ou aí em Portugal, o segredo, a receita é sempre a mesma, praticar.
Podemos dissertar, escrever tratados sobre, ler os clássicos, discutir os grandes textos do Yoga, mas se não praticarmos apenas saberemos falar sobre o assunto, usaremos palavras genéricas sobre o que é o Yoga, mas apenas esboçaremos a sua superfície.

A experiência da prática é com certeza diferente de praticante para praticante, mas as mudanças são sentidas por todos, mais cedo ou mais tarde, vamos denotando em diferenças gigantescas no nosso corpo, mente e alma e é este poder de transformação, que vai iluminando o nosso percurso e estimulando ainda mais a nossa entrega e rendição.

*ilustração de Boonchu Tanti

domingo, 23 de outubro de 2011

...moving on.


Somos todos humanos e de vez em quando agimos mal, mas mesmo com esta noção, durante bastantes anos senti uma certa desilusão e guardei mágoa por algumas pessoas que se cruzaram no meu caminho, todos praticantes há mais tempo que eu e todos professores há bem mais tempo que eu. Pessoas que face a tantos anos de prática de Yoga, considerei e julguei que deveriam ter tido determinada atitude e maneira de estar. Guardei dentro de mim vários episódios que cedo fizeram-me perceber que ser praticante e professor de Yoga, não significava sermos Seres Humanos perfeitos, Seres Iluminados sem defeitos e no entanto não consegui deixar de olhar com pouca tolerância, os comportamentos Egocêntricos, as vaidades extremas, os interesses exagerados, os jogos falsos de mostrarem que são algo, quando na realidade não o são.

O ensino obrigou-me a tomar mais responsabilidade pela minha prática, mas nem por isso foi simples ganhar a consistência e disciplina que o Ashtanga Yoga obriga. Demorei anos a construir a minha prática de Yoga e quando optei por praticar sozinha, sabia as consequências desta escolha. Não ter um professor quotidianamente foi diversas vezes complicado, tinha inúmeras dúvidas, confusões, o que derivou em muitos erros e tentativas, uma aprendizagem pela experiência e por bater muitas vezes com a cabeça na parede e sabem que mais? Doía e custava muito não ter uma pessoa a quem pudesse perguntar ou pedir conselhos e direcções.

Cada vez mais, reconheço a importância de ter um professor, alguém em quem confiarmos, onde não há espaço para ressentimentos ou críticas. Ninguém é perfeito, todos temos acções menos boas e ter um professor é um privilégio, vir à Índia estudar com o meu, tem sido sem dúvida uma enorme oportunidade, mas devo reconhecimento e gratidão a todos os que me instruíram. Chega uma altura que há que largar a bagagem do passado e simplesmente seguir em frente e por isso as minhas desculpas pela demora e o meu sincero obrigada pela atenção e cuidado que tiveram enquanto me ensinaram os alicerces desta prática, durante anos fizeram parte do meu puja e estou-vos imensamente agradecida.

Percebo que ser professor não é fácil. Temos de separar bem os nossos papéis e mesmo assim pode acontecer agirmos mal, de vez em quando pode acontecer magoarmos alguém, mas se o professor tiver o coração puro, com certeza que os seus actos não foram feitos com o propósito de causar o mal, porque andar aqui a dobrarmos-nos para todo o lado, acaba por afectar a nossa mente e coração e gosto de pensar e de manter a fé que um dia, mais cedo ou mais tarde, tornamos-nos melhores pessoas.

Por isso fico angustiada quando passado tanto tempo e com total reconhecimento e aceitação que ninguém é perfeito e que a prática de Yoga desenvolve o nosso discernimento e deixa-nos mais em paz com o lado crítico, volto a cruzar-me com pessoas que fingem que são grandes Yoguis, grandes "Shantis Shantis", pura ficção. E que na sua vida privada, quando estão longe dos alunos, são pessoas violentas, pessoas mentirosas, controladoras, mas no dia a seguir estão em cima do tapete e até fazem segunda ou terceira série, levam os corpos para as posturas, porque com toda a certeza a cabeça e o coração estão longe de estarem presentes. Enfim... moving on... e darmos o nosso melhor, sem ficarmos com os actos dos outros dentro de nós.
Obrigada.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Perfil do Aluno - Pedro Terrinha



Nome
Pedro Terrinha
Idade
29 anos
Profissão
Administrativo

Quais as razões que motivaram a tua escolha por uma prática como o Ashtanga Yoga?
A procura de uma prática de Yoga tradicional e rigorosa.

Que diferenças identificas entre o Ashtanga Yoga e outros estilos de Yoga que já praticaste?
A fluidez e dinâmica da prática são únicas e fascinaram-me logo à partida, mas diria que a principal diferença, está na forma como conjugamos a respiração, posturas, drishtis e bandhas para transformarmos a prática numa meditação em movimento.


Achas que esta é uma prática mais fácil para os homens ou para as mulheres? E porquê.
... esta prática desafia-nos como seres humanos, independentemente de sexos, raças e idades, é Universal...

Se estivesses a aconselhar um amigo a começar a fazer Ashtanga Yoga, o que lhe dirias?
Diria que tenho fé nesta prática, é uma ferramenta de auto-conhecimento que nos pode auxiliar em todos os aspectos da nossa vida.
"Keep practicing and don't Stop !"


Desde que começaste a fazer este método de Yoga, quais têm sido os maiores benefícios e as maiores dificuldades?
São inúmeros os benefícios, mas eu destacaria uma maior capacidade de controlar a minha mente, as minhas emoções e uma sensação de vitalidade única. A maior dificuldade tem sido a disciplina e regularidade que este método exige.

Quando pensas na tua prática, qual é a primeira palavra que surge na tua mente?
Fogo

terça-feira, 18 de outubro de 2011

How is to practice with Sharath Jois?



Como é praticar com Sharath Jois?

A minha resposta é fruto de uma reflexão que nasce por estar novamente nesta terra, a ter a oportunidade de estudar neste shala e com este professor. De cada vez que entro naquela sala, que estendo o meu tapete, rodeada de dezenas de outros praticantes, reparo como somos um grupo de pessoas distintas, de origens e línguas diferentes, com estaturas e tamanhos nada iguais e no entanto pressinto que, aqui, estamos todos para o mesmo, compreendermos um pouco mais esta prática que com esforço e cuidado mantemos nos nossos quotidianos.

De frente para aquele professor canta-se o mantra inicial e dá-se o começo de mais uma prática no KPJAYI, a cada indicação de Sharath, a cada nova instrução, a cada contagem do vinyasa em sânscrito para entrarmos, permanecermos e sairmos de cada posição, sentimos a temperatura a aumentar, o corpo mais e mais quente, gotas de suor a escorrer pelo rosto, pelos braços, pela barriga, pelas pernas...dobramos, esticamos, encolhemos, torcemos, rodamos, saltamos, giramos, como numa coreografia, em que a música é o som conjunto das nossas respirações e a canção as directrizes de Sharath.

Praticar em Mysore, com Sharath, é praticar sentindo uma intensidade quase inexplicável.

Uma que nos faz saltar por cima de obstáculos que anteriormente acharíamos como impossíveis de alcançar. Talvez esta energia seja fomentada por estarmos num país mais quente, por aquela sala ser, e ter sido palco de tantas práticas, visitada e acolhida por centenas de praticantes, ou por ainda reconhecermos a presença de Shri K. Pattabhi Jois (1915-2009), ou porque talvez, o seu neto imprima e sustente uma maior entrega, comprometimento e responsabilidade.

Praticar em Mysore, com Sharath Jois, significa escutar.
Escutar e confiar nas suas indicações e ouvirmo-nos a nós mesmos, à nossa respiração, ás reacções do corpo e sem expectativas, sem metas, deixarmo-nos ir na viagem interna de uma intensidade transformadora e integrante.

Mysore Style in KPJAYI

Pequena ilustração do artigo em cima, que demonstra a intensidade que vivo nesta sala. Uma ilustração que serve de inspiração para desenrolarmos o tapete e experimentarmos praticar com mais entrega e discernimento.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

PERFIL DO ALUNO - LARA HAYDEN























Nome 
Lara Hayden
Idade
26 anos
Profissão
Instrutora de Musculação e Cardiofitness


De acordo com a tua experiência como praticante de Yoga, quais as diferenças que identificas entre o Ashtanga Yoga e outro método que praticastes?
As maiores diferenças que encontrei foram na estrutura da aula, na sua dinâmica e da imensa importância dada à respiração que noutros métodos apesar de importante não é, como no Ashtanga, o ponto principal.


Foi fácil adaptares-te à prática de Ashtanga Yoga? Quais os seus maiores desafios?
Sim, foi fácil pois foi uma prática da qual imediatamente gostei e me identifiquei. Para mim o maior desafio é mesmo a regularidade que tento manter, da prática em si é o controlo da respiração de modo equilibrado e consciente e dos Bandhas.

De momento o que é mais importante para a regularidade da tua prática de Yoga, uma escola ou um professor e porquê?
Um professor, sem dúvida! Porque aprender pode-se aprender em qualquer lado mas só um professor me pode corrigir os erros, fazer evoluir do modo correcto e com confiança e levar a acreditar num determinado método de yoga como eficaz.

O que esperas do teu professor de Yoga?
Acima de tudo espero rigor, empenho, profissionalismo, saber, exigência e empatia claro!

E o que não esperas do teu professor de Yoga?
Não espero principalmente obsessões, como se nada mais existisse no mundo para além do Yoga e que só este exclusivamente trouxesse algum benefício.

Quais são as motivações que te fazem praticar Ashtanga Yoga?
Agrada-me muito a sensação de sair de cada aula, apesar de ser de manhã cedo, com a energia renovada e pronta para mais um dia!
Além de que sinto que a maneira de encarar o meu dia-a-dia se transforma para melhor a cada dia.


Quando pensas na tua prática, qual é a primeira palavra que surge na tua mente?
Empenho

Mysore 11



Mysore é uma cidade que é caracterizada por ser a casa do Ashtanga Yoga, onde centenas de praticantes de todo o mundo se juntam por uma causa comum, a prática. Estas estadias permitem-nos ganhar ainda mais inspiração e traçar sinceras descobertas sobre o nosso Eu, compreender os nossos limites e capacidades, superar os obstáculos do corpo, alguns entraves da mente e quem sabe, abrir um pouco mais a porta do coração.

Mysore é sempre um lugar que me obriga a tomar ainda mais responsabilidade da minha prática e da minha vida, um sítio que me relembra quotidianamente que o Yoga é para ser vivido fora do tapete, na minha relação e diálogo comigo mesma, na relação e interacção com os outros e na vivência e experiência com tudo o que me rodeia, mas acima de tudo, salienta a necessidade que seja praticado dentro do tapete, apenas pela experiência diária é que conseguimos avançar pelas posturas, para criarmos um corpo mais flexível, resistente, ágil, estável e saudável e estas características de corpo estendem-se também à mente e a nossa alma.

Estas viagens anuais ao KPJAYI, Shri Krishna Pattabhi Jois Ashtanga Yoga Institute permitem-me voltar a ser aluna, tendo todos os dias a graça de estudar junto do meu professor directo, Sharath Jois, o neto do emblemático Pattabhi Jois.
É fácil chamar-lhe de professor...
não porque é uma escolha cliché, mas porque foi uma decisão que veio do meu coração.

*ilustração Boonchu Tanti